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05/11/2010

A última década de Andy Warhol

Mais do que nunca o estúdio de Andy Warhol (1928-1987) mereceu ser chamado The Factory (a fábrica) nos últimos dez anos de vida dele. Com diversos projetos empresariais e artísticos ao mesmo tempo - edição da revista Interview, produção de filmes experimentais e programas para TV, publicação de livros e encomendas incontáveis de quadros -, aquela foi sua década mais produtiva. Estima-se que ele tenha criado em torno de 3.500 quadros naquele período, no qual se destaca a volta do rei da impressão em silk screen à pintura com tinta e pincel.
Oxidation 1978
O retorno à pintura (depois de ele ter dito que pintar era coisa fora de moda) foi estimulado pelo trabalho em conjunto com artistas como Jean-Michel Basquiat, Francesco Clemente e Keith Haring. Criadas em paralelo a séries de impressões e retratos comissionados, muitas dessas obras eram projetos pessoais, só conhecidos depois da morte de Warhol por complicações de uma cirurgia na bexiga.Após quase 12 anos, em 1978 ele voltou a pôr o próprio rosto em seus quadros. The Last Decade abre com Self-Portrait (Strangulation), de acrílica e silk screen sobre tela. Como na série na qual ele aparece com um crânio de caveira, ela reflete sobre a mortalidade - algo que preocupava Warhol desde que quase foi morto a tiros por Valerie Solanas, uma das frequentadoras da Factory, em 1968. Mas o que distingue essa imagem repetida em dez pequenas telas de cores escuras é a expressão do rosto, quase nula nos outros autorretratos. Com as mãos de alguém em volta do pescoço, aqui ele aparece de boca aberta e olhando para cima. A foto teria sido feita por acaso, quando um amigo do artista o agarrou de surpresa durante uma sessão de polaroides.
Strangulation


Reação química. Numa mudança completa do seu estilo pop concebido com imagens prontas, no fim dos anos 1970 também ele começou a explorar a abstração. Primeiro com Oxidations, em que os dourados, vermelhos e verdes texturizados na tela eram obtidos com a reação química de urina, do próprio Warhol e de seus assistentes, sobre tinta metálica. Depois vieram as Shadows, com base em fotografias de sombras geradas por maquetes e recortes feitos justamente para criar formas abstratas. Nos 80 ele produziu as séries Rorschach, Yarn e Camouflage. A primeira, resultado de tela dobrada com tinta fresca, imita o teste psicológico do mesmo nome e, como este, tem imagens abertas à interpretação de cada um. A segunda lembra a pintura de tinta derramada de Jackson Pollock e surgiu quando Warhol criou a imagem de uma bobina de fio para propaganda da companhia italiana Filpucci.
A ideia do galerista suíço Bruno Bischofberger encomendar obras feitas em conjunto por artistas célebres de gerações diferentes levou Warhol a colaborar com Basquiat e Clemente e também o reconduziu ao figurativismo, que ele não tocava desde fins da década de 50. Warhol e Basquiat acabaram trabalhando juntos por quase três anos e criaram mais de uma centena de obras.
Para abrigar a Factory, a compra de um antigo edifício da empresa que abastece Nova York de energia elétrica, em 1984, permitiu que Warhol ampliasse ainda mais as proporções de seus trabalhos. Na série Black & White Ads, de 1985 e 1986, inspirada por anúncios tirados de páginas de revistas, de certa forma ele retomou o que fazia nas suas primeiras pinturas pop, projetando a imagem e pintando diretamente sobre a tela.
A Última Refeição
Warhol dedicou-se por mais de um ano a produzir The Last Supper (1986), lembrada em três variações monumentais que fecham The Last Decade. A série começou como encomenda para a inauguração de uma galeria em Milão, na frente da igreja em cujo refeitório Da Vinci pintou seu afresco, entre 1495 e 1498. Com mais de cem pinturas e silk screens, esta se tornou uma das maiores séries produzidas por Warhol em 40 anos de carreira. 

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